Não quero parecer desrespeitosa! Mas a provocação do título é pra trazer a reflexão deque somos mais que nossos pais fizeram da gente.
Crescer com pais tóxicos, por si só já traz problemas pro nosso desenvolvimento da autoestima, autopercepção, relacionamentos sociais e tudo isso é mesmo muito sério e conflitante.
Pode e deve ser trabalhado na terapia.
E até por isso é importante lembrar que nosso passado, nossos pais realmente foram (do verbo não precisam mais ser) os elementos centrais da nossa vida.
Bom seria que as violencias, negligencias, excessos e faltas nunca tivessem existido e acolher esse desejo é muito importante para dar o próximo passo: ir daí adiante. Como?
Não se trata de cortar relações (a menos que você queira), não se trata de negar, esperar um pedido de desculpas ou ter conversas definitivas. Pode ser que isso aconteça sim. Mas depois de você se tornar capaz de seguir em frente. Não antes.
E esse é o trabalho difícil. Conseguir lidar com as perdas, cicatrizes e traumas sem a validação dos pais. Quando somos pequenos dependemos muito do que nossos pais fazem com a gente (não só deles, tá). Dependemos do que se faz com o que nossos pais fazem com a gente culturalmente.
Vou dar um exemplo aqui: antes era comum a palmada como forma de educação. Todos tinham direitos sobre os corpos das crianças e agora isso é visto como violência. Não que antes não fosse, mas se olhava para o corpo infantil de outra forma. Fez mal? Fez. Muito. Dá pra acabar com isso, riscar do mapa? Não. E daí? O que fazer com isso?
Chorar, anunciar, denunciar, refletir em que momentos voltamos nesses acontecimentos e o que fazemos com isso, em que momentos reproduzimos as violencias, em que momentos essas violencias se repetem na nossa vida. E daí? Com tudo isso, mudamos nossos olhares, nossas atitudes, nossos recursos de ampliam e se fortalecem e é nesse campo que podemos seguir em frente. Mesmo tendo uma história de uma infância/adolescência com pais tóxicos. Apesar deles.
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